Nossa Língua Portuguesa
Profº Pasquale Cipro Neto
E a gente pensa que repete corretamente os 'ditos populares' !!!
No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro'
O correto é: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro'
No popular se diz: 'Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'
O correto é: 'Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.'
No popular se diz: 'Cor de burro quando foge.'
O correto é: 'Corro de burro quando foge.'
No popular se diz: 'Quem tem boca vai a Roma.'
O correto é: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).
No popular se diz: 'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.
O correto é: 'Esculpido em Carrara.' (Carrara é um tipo de mármore)
No popular se diz: 'Quem não tem cão, caça com gato.'
O correto é: 'Quem não tem cão, caça como gato... ou seja, sozinho!'
Eu não sabia!
E você?
Vai dizer que você falava corretamente algum desses?
domingo, 7 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Para os meus amigos!
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Vinícius de Moraes
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Vinícius de Moraes
JOÃO CABRAL
Dez anos sem João Cabral.Há dez anos atrás, morria no Rio de Janeiro, aos setenta e nove anos, o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. Sua vida é conhecida: nascido em 1920, no Recife, publicou seu primeiro livro, Pedra do sono, em 1942, e o último, Andando Sevilha, em 1989. Foi diplomata, tipógrafo amador, e amou a Andaluzia e Pernambuco - lugares que freqüentemente comparou e celebrou em seus poemas.
O poeta foi realmente um divisor de águas em nossa poesia. Com uma dicção límpida e às vezes seca, preferindo os chamados 'metros menores' ao onipresente decassílabo, e utilizando, em vez da rima dita 'rica' - as preferidas por Camões e toda a tradição clássica da língua portuguesa -, a rima 'pobre' dos cancioneiros medievais, João Cabral defendeu e praticou uma poesia magra, objetiva e 'antilírica', modelo de todas as vanguardas que se lhe seguiram: a poesia concreta, a poesia-práxis e a poesia visual, por exemplo.
Seu conhecido desprezo pela 'musicalidade'; sua ênfase, pois, no caráter visual, concreto e palpável dos versos e do assunto dos versos; sua posição estética, em suma, particular e quase idiossincrática teve um efeito devastador na ulterior poesia brasileira, porquanto a aclamação geral em torno da sua obra - coisa muito justa, diga-se de passagem - intimidou fortemente o cultivo e a apreciação de uma poesia mais 'delicada', 'subjetiva' e 'transcendente' no Brasil. Isto, pelo menos, até o início dos anos noventa, quando o poeta Bruno Tolentino, de volta de um exílio europeu de quase três décadas, publicou o instantaneamente celebrado As horas de Katharina, um autêntico monumento ao 'lirismo' então proscrito, sem explicação razoável, pela grande imprensa e pelas universidades.
Transcorrida uma década de seu falecimento, qual seria, pois, o legado de João Cabral? E o que mudou, neste ínterim, na cena poética brasileira?
Ora, o legado cabralino, depurando o que se disse acima, seria uma insistência, em si mesma benéfica, na exatidão: exatidão de propósitos, de critérios e de técnicas em poesia. O problema, porém, foi precisamente a generalização das posições de João Cabral, e sua irrestrita (e irrefletida) aceitação nos domínios da escrita, leitura e crítica de poesia: guiados pelos parâmetros do grande pernambucano, muitos poetas e críticos pós-cabralinos não fizeram senão macaqueá-los, repetindo uma ladainha estéril e absolutamente dispensável em defesa de uma poesia que já não era magra, mas raquítica.
Quanto à cena poética brasileira, o prestígio internacional da poesia de Tolentino reabriu espaço para uma poesia mais filosófica e menos social, mais lírica e menos seca - mais clássica, em suma, e menos comprometida com a rigidez das vanguardas. A coexistência destes dois tipos, porém, ou tendências principais, está longe de ser pacífica, mas a poesia brasileira, além de já se ter recuperado da perda de Cabral, está hoje mais rica e diversificada que há dez anos atrás.
Finalmente, a despeito de suas posições estéticas e filosóficas, o homem João Cabral de Melo Neto, agnóstico ou ateu que tenha sido a maior parte da vida, mandou chamar um padre quando, já doente, sentiu que era a sua hora. Morreu rezando, depois de receber a extrema-unção, e foi velado no Salão dos Poetas Românticos da Academia Brasileira de Letras. Ironia trágica ou não, o fato é que, na hora da verdade, o materialista apelou à transcendência. E, coroamento desta ironia, o anti-romântico recebeu honras fúnebres em salão dedicado aos poetas românticos, juntando-se, então, ao menos em espírito, a Castro Alves e Gonçalves Dias.
O poeta foi realmente um divisor de águas em nossa poesia. Com uma dicção límpida e às vezes seca, preferindo os chamados 'metros menores' ao onipresente decassílabo, e utilizando, em vez da rima dita 'rica' - as preferidas por Camões e toda a tradição clássica da língua portuguesa -, a rima 'pobre' dos cancioneiros medievais, João Cabral defendeu e praticou uma poesia magra, objetiva e 'antilírica', modelo de todas as vanguardas que se lhe seguiram: a poesia concreta, a poesia-práxis e a poesia visual, por exemplo.
Seu conhecido desprezo pela 'musicalidade'; sua ênfase, pois, no caráter visual, concreto e palpável dos versos e do assunto dos versos; sua posição estética, em suma, particular e quase idiossincrática teve um efeito devastador na ulterior poesia brasileira, porquanto a aclamação geral em torno da sua obra - coisa muito justa, diga-se de passagem - intimidou fortemente o cultivo e a apreciação de uma poesia mais 'delicada', 'subjetiva' e 'transcendente' no Brasil. Isto, pelo menos, até o início dos anos noventa, quando o poeta Bruno Tolentino, de volta de um exílio europeu de quase três décadas, publicou o instantaneamente celebrado As horas de Katharina, um autêntico monumento ao 'lirismo' então proscrito, sem explicação razoável, pela grande imprensa e pelas universidades.
Transcorrida uma década de seu falecimento, qual seria, pois, o legado de João Cabral? E o que mudou, neste ínterim, na cena poética brasileira?
Ora, o legado cabralino, depurando o que se disse acima, seria uma insistência, em si mesma benéfica, na exatidão: exatidão de propósitos, de critérios e de técnicas em poesia. O problema, porém, foi precisamente a generalização das posições de João Cabral, e sua irrestrita (e irrefletida) aceitação nos domínios da escrita, leitura e crítica de poesia: guiados pelos parâmetros do grande pernambucano, muitos poetas e críticos pós-cabralinos não fizeram senão macaqueá-los, repetindo uma ladainha estéril e absolutamente dispensável em defesa de uma poesia que já não era magra, mas raquítica.
Quanto à cena poética brasileira, o prestígio internacional da poesia de Tolentino reabriu espaço para uma poesia mais filosófica e menos social, mais lírica e menos seca - mais clássica, em suma, e menos comprometida com a rigidez das vanguardas. A coexistência destes dois tipos, porém, ou tendências principais, está longe de ser pacífica, mas a poesia brasileira, além de já se ter recuperado da perda de Cabral, está hoje mais rica e diversificada que há dez anos atrás.
Finalmente, a despeito de suas posições estéticas e filosóficas, o homem João Cabral de Melo Neto, agnóstico ou ateu que tenha sido a maior parte da vida, mandou chamar um padre quando, já doente, sentiu que era a sua hora. Morreu rezando, depois de receber a extrema-unção, e foi velado no Salão dos Poetas Românticos da Academia Brasileira de Letras. Ironia trágica ou não, o fato é que, na hora da verdade, o materialista apelou à transcendência. E, coroamento desta ironia, o anti-romântico recebeu honras fúnebres em salão dedicado aos poetas românticos, juntando-se, então, ao menos em espírito, a Castro Alves e Gonçalves Dias.
Poema de Fernando Pessoa.
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa
sexta-feira, 5 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Antônio Gonçalves Dias (Caxias, 10 de agosto de 1823 — Guimarães, 13 de novembro de 1864) foi um poeta e teatrólogo brasileiro.
[] Biografia
Nascido em Caxias (Maranhão), era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.
Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular.
Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das idéias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado por sua condição de texto "imoral" pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo ano viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em 1849 fundou com Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.
Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo.Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma idéia de Brasil a literatura nacional.
[] O grande amor: Ana Amélia
Por ocasião da elaboração da antologia poética da fase romântica, elaborada por Manuel Bandeira, Onestaldo de Pennafort gentilmente escreveu a nota que segue, retirada daquela obra e aqui transcrita:
" A poesia "Ainda uma vez --adeus,--" bem como as poesias "Palinódia e "Retratação" -- foram inspiradas por Ana Amélia Ferreira do Vale, cunhada do Dr. Teófilo Leal, ex-condiscípulo do poeta em Portugal e seu grande amigo.
" Gonçalvez Dias viu-a pela primeira vez em 1846 no Maranhão. Era uma menina quase, e o poeta, fascinado pela sua beleza e graça juvenil, escreveu para ela as poesias "Seus olhos" e "Leviana". Vindo para o Rio, é possível que essa primeira impressão tenha desaparecido do seu espírito. Mais tarde, porém, em 1851, voltando a S. Luís, viu-a de novo, e já então a menina e moça de 46 se fizera mulher, no pleno esplendor da sua beleza desabrochada. O encantamento de outrora se transformou em paixão ardente, e, correspondido com a mesma intensidade de sentimento, o poeta, vencendo a timidez, pediu-a em casamento à família.
" A família da linda Don`Ana -- como lhe chamavam -- tinha o poeta em grande estima e admiração. Mais forte, porém, do que tudo era naquele tempo no Maranhão o preconceito de raça e casta. E foi em nome desse preconceito que a família recusou o seu consentimento.
" Por seu lado o poeta, colocado diante das duas alternativas: renunciar ao amor ou à amizade, preferiu sacrificar aquela a esta, levado por um excessivo escrúpulo de honradez e lealdade, que revela nos mínimos atos de sua vida. Partiu para Portugal. Renúncia tanto mais dolorosa e difícil por que a moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o exprobrou em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!
" E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Don`Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a moça. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.
" Foi aí, em Lisboa, num jardim público, que certa vez se defrontaram o poeta e a sua amada, ambos abatidos pela dor e pela desilusão de suas vidas, ele cruelmente arrependido de não ter ousado tudo, de ter renunciado áquele que com uma só palavra sua se lhe entregaria para sempre. desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de "Ainda uma vez -- adeus --" as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue."
[ Julgamento crítico
De Alexandre Herculano
"Os primeiros cantos são um belo livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Santa Cruz, que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um ilustre filho. O autor, não o conhecemos; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos do escritos ainda pouco amestrado pela experiência: imperfeições de língua, de metrificação, de estilo. Que importa? O tempo apagárá essas máculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas páginas deste formoso livro.
Abstenho-me de outras citações, que ocupariam demasiado espaço, não posso resitir à tentação de transcrever das Poesias Diversas uma das mais mimosas composições líricas que tenho lido na minha vida. (Aqui vinha transcrita a poesia Seus Olhos.) Se estas poucas linhas, escritas de abundância de coração, passarem, os mares, receba o autor dos Primeiros Cantos testemunho sincero de simpatia, que não costuma nem dirigir aos outros elogios encomendados nem pedi-los para si" ("Futuro Literário de Portugal e do Brasil" em Revista Universal Lisbonense, t.7,pág. 7 ano de 1847-1848)
De José de Alencar
"Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência: ninguém lhe disputa na opulência da imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos seus costumes selvagens" ( Iracema)
De Machado de Assis
"Depois de escrita a revista, chegou a notícia da morte de Gonçalves Dias, o grande poeta dos Cantos e dos Timbiras. A poesia nacional cobre-se, portanto, de luto. Era Gonçalves Dias o seu mais prezado filho, aquele que de mais louçania a cobriu. Morreu no mar-túmulo imenso para talento. Só me resta espaço para aplaudir a idéia que se vai realizar na capital do ilustre poeta. Não é um monumento para Maranhão, é um monumento para o Brasil. A nação inteira deve concorrer para ele. (Crônicas em Diário do Rio de Janeiro, de 9 de novembro de 1894.)
[] Cronologia
1823 - 10 de agosto: Nasce no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, a 14 léguas da vila de Caxias, Antônio Golçalves Dias. Filho do comerciante João Manuel Gonçalves Dias, natural de Trás-os-Montes, e de Vicência Ferreira, maranhense.
1830 - É matriculado na aula de primeiras letras do Prof. José Joaquim de Abreu.
1833 - Começa a servir na loja do pai como caixeiro e encarregado da escrituração.
1835 - É retirado da casa comercial e matriculado no curso do Prof. Ricardo Leão Sabino, onde principia a estidar latim, francês e filosofia.
1838 - Parte para São Luís, onde embarcará para Portugal; chega em outubro a Coimbra e entra para o Colégio das Artes.
1840 - 31 de outubro: Matricula-se na Universidade.
1845 - Embarca no Porto para São Luís, aonde chega em março, partindo no dia 6 para Caxias.
1846 - Embarca para o Rio de Janeiro.
1847 - Aparecem os Primeiros Cantos, trazendo no frostispício a data de 1846.
1848 - Aparecem os Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão.
1849 - É nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II.
1851 - Publicação dos Últimos Cantos.
1852 - É nomeado oficcial da Secretaria dos Negôcios Estrangeiros.
1854 - Parte para Europa.
1856 - Viagem à Alemanha. É nomeado chefe da seção de Etnografia da Comissão Científica de Exploração.
1857 - O livreiro-editor Brockhaus, de Dresda, edita os Cantos, os primeiros quatro cantos do poema Os Timbiras e o Dicionário da Língua Tupi.
1859 - 1861 - Trabalhos da Comissão no interior do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pará e Amazonas, chegando até Mariná, no Peru.
1862 - Parte para o Maranhão, mas no Recife, depois de consultar médico, resolve embarcar para Europa.
1862 - 22 de agosto: É desligado da comissão Científica de Exploração.
1862 - 1863 - Estação de cura em Vicky. Marienbad, Dresda, Koenigstein, Teplitz e Carlsbad. Em Bruxelas sofre a operação de amputação da campainha.
1863 - 25 de outubro: Embarca em Bordéus para Lisboa, onde termina a tradução de A noiva de Messina, de Schiller.
1864 - Fins de Abril: Volta a Paris. Estações de cura em Aix-ls-Bains, Allevard e Ems (Maio, junho e julho).
1864 - 10 de setembro: Embarca o Poeta no Haver no navio Ville de Boulogne. Piora em viagem
1864 - 3 de novembro: Naufrágio nas costas do Maranhão e morte de Gonçalves Dias.
[] Obras
1843: Canção do exílio
1846: Primeiros cantos
1846: Meditação
1846: O Brazil e Oceania (prosa)
1848: Segundos Cantos
1848: As sextilhas de Frei Antão
1846: Seus Olhos
1857: Os timbiras
1851: I-Juca-Pirama
1858: Dicionário da Língua Tupi chamada língua geral dos indígenas do Brasil
[editar] Bibliografia
Montello, J. Para conhecer melhor Gonçalves Dias. Rio de Janeiro: Block. 1973. 138 p.
Brait, B. Gonçalves Dias. São Paulo: Nova Cultural. 1988 (Literatura Comentada)
[] Biografia
Nascido em Caxias (Maranhão), era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.
Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular.
Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das idéias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado por sua condição de texto "imoral" pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo ano viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em 1849 fundou com Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.
Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo.Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma idéia de Brasil a literatura nacional.
[] O grande amor: Ana Amélia
Por ocasião da elaboração da antologia poética da fase romântica, elaborada por Manuel Bandeira, Onestaldo de Pennafort gentilmente escreveu a nota que segue, retirada daquela obra e aqui transcrita:
" A poesia "Ainda uma vez --adeus,--" bem como as poesias "Palinódia e "Retratação" -- foram inspiradas por Ana Amélia Ferreira do Vale, cunhada do Dr. Teófilo Leal, ex-condiscípulo do poeta em Portugal e seu grande amigo.
" Gonçalvez Dias viu-a pela primeira vez em 1846 no Maranhão. Era uma menina quase, e o poeta, fascinado pela sua beleza e graça juvenil, escreveu para ela as poesias "Seus olhos" e "Leviana". Vindo para o Rio, é possível que essa primeira impressão tenha desaparecido do seu espírito. Mais tarde, porém, em 1851, voltando a S. Luís, viu-a de novo, e já então a menina e moça de 46 se fizera mulher, no pleno esplendor da sua beleza desabrochada. O encantamento de outrora se transformou em paixão ardente, e, correspondido com a mesma intensidade de sentimento, o poeta, vencendo a timidez, pediu-a em casamento à família.
" A família da linda Don`Ana -- como lhe chamavam -- tinha o poeta em grande estima e admiração. Mais forte, porém, do que tudo era naquele tempo no Maranhão o preconceito de raça e casta. E foi em nome desse preconceito que a família recusou o seu consentimento.
" Por seu lado o poeta, colocado diante das duas alternativas: renunciar ao amor ou à amizade, preferiu sacrificar aquela a esta, levado por um excessivo escrúpulo de honradez e lealdade, que revela nos mínimos atos de sua vida. Partiu para Portugal. Renúncia tanto mais dolorosa e difícil por que a moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o exprobrou em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!
" E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Don`Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a moça. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.
" Foi aí, em Lisboa, num jardim público, que certa vez se defrontaram o poeta e a sua amada, ambos abatidos pela dor e pela desilusão de suas vidas, ele cruelmente arrependido de não ter ousado tudo, de ter renunciado áquele que com uma só palavra sua se lhe entregaria para sempre. desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de "Ainda uma vez -- adeus --" as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue."
[ Julgamento crítico
De Alexandre Herculano
"Os primeiros cantos são um belo livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Santa Cruz, que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um ilustre filho. O autor, não o conhecemos; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos do escritos ainda pouco amestrado pela experiência: imperfeições de língua, de metrificação, de estilo. Que importa? O tempo apagárá essas máculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas páginas deste formoso livro.
Abstenho-me de outras citações, que ocupariam demasiado espaço, não posso resitir à tentação de transcrever das Poesias Diversas uma das mais mimosas composições líricas que tenho lido na minha vida. (Aqui vinha transcrita a poesia Seus Olhos.) Se estas poucas linhas, escritas de abundância de coração, passarem, os mares, receba o autor dos Primeiros Cantos testemunho sincero de simpatia, que não costuma nem dirigir aos outros elogios encomendados nem pedi-los para si" ("Futuro Literário de Portugal e do Brasil" em Revista Universal Lisbonense, t.7,pág. 7 ano de 1847-1848)
De José de Alencar
"Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência: ninguém lhe disputa na opulência da imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos seus costumes selvagens" ( Iracema)
De Machado de Assis
"Depois de escrita a revista, chegou a notícia da morte de Gonçalves Dias, o grande poeta dos Cantos e dos Timbiras. A poesia nacional cobre-se, portanto, de luto. Era Gonçalves Dias o seu mais prezado filho, aquele que de mais louçania a cobriu. Morreu no mar-túmulo imenso para talento. Só me resta espaço para aplaudir a idéia que se vai realizar na capital do ilustre poeta. Não é um monumento para Maranhão, é um monumento para o Brasil. A nação inteira deve concorrer para ele. (Crônicas em Diário do Rio de Janeiro, de 9 de novembro de 1894.)
[] Cronologia
1823 - 10 de agosto: Nasce no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, a 14 léguas da vila de Caxias, Antônio Golçalves Dias. Filho do comerciante João Manuel Gonçalves Dias, natural de Trás-os-Montes, e de Vicência Ferreira, maranhense.
1830 - É matriculado na aula de primeiras letras do Prof. José Joaquim de Abreu.
1833 - Começa a servir na loja do pai como caixeiro e encarregado da escrituração.
1835 - É retirado da casa comercial e matriculado no curso do Prof. Ricardo Leão Sabino, onde principia a estidar latim, francês e filosofia.
1838 - Parte para São Luís, onde embarcará para Portugal; chega em outubro a Coimbra e entra para o Colégio das Artes.
1840 - 31 de outubro: Matricula-se na Universidade.
1845 - Embarca no Porto para São Luís, aonde chega em março, partindo no dia 6 para Caxias.
1846 - Embarca para o Rio de Janeiro.
1847 - Aparecem os Primeiros Cantos, trazendo no frostispício a data de 1846.
1848 - Aparecem os Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão.
1849 - É nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II.
1851 - Publicação dos Últimos Cantos.
1852 - É nomeado oficcial da Secretaria dos Negôcios Estrangeiros.
1854 - Parte para Europa.
1856 - Viagem à Alemanha. É nomeado chefe da seção de Etnografia da Comissão Científica de Exploração.
1857 - O livreiro-editor Brockhaus, de Dresda, edita os Cantos, os primeiros quatro cantos do poema Os Timbiras e o Dicionário da Língua Tupi.
1859 - 1861 - Trabalhos da Comissão no interior do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pará e Amazonas, chegando até Mariná, no Peru.
1862 - Parte para o Maranhão, mas no Recife, depois de consultar médico, resolve embarcar para Europa.
1862 - 22 de agosto: É desligado da comissão Científica de Exploração.
1862 - 1863 - Estação de cura em Vicky. Marienbad, Dresda, Koenigstein, Teplitz e Carlsbad. Em Bruxelas sofre a operação de amputação da campainha.
1863 - 25 de outubro: Embarca em Bordéus para Lisboa, onde termina a tradução de A noiva de Messina, de Schiller.
1864 - Fins de Abril: Volta a Paris. Estações de cura em Aix-ls-Bains, Allevard e Ems (Maio, junho e julho).
1864 - 10 de setembro: Embarca o Poeta no Haver no navio Ville de Boulogne. Piora em viagem
1864 - 3 de novembro: Naufrágio nas costas do Maranhão e morte de Gonçalves Dias.
[] Obras
1843: Canção do exílio
1846: Primeiros cantos
1846: Meditação
1846: O Brazil e Oceania (prosa)
1848: Segundos Cantos
1848: As sextilhas de Frei Antão
1846: Seus Olhos
1857: Os timbiras
1851: I-Juca-Pirama
1858: Dicionário da Língua Tupi chamada língua geral dos indígenas do Brasil
[editar] Bibliografia
Montello, J. Para conhecer melhor Gonçalves Dias. Rio de Janeiro: Block. 1973. 138 p.
Brait, B. Gonçalves Dias. São Paulo: Nova Cultural. 1988 (Literatura Comentada)
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